sexta-feira, 22 de fevereiro de 2002

"STRANGER IN A STRANGE LAND" - A PRIMEIRA TENTAÇÃO DE JACK

(Claro, com SPOILERS para quem ainda não viu o nono episódio da terceira temporada)

"Meu trabalho não é decorar. É definir. Este é meu dom" (Achara)
"Ele caminha entre nós, mas ele não é um de nós" (A tatuagem)
"É o que está escrito, mas não o que realmente é" (Jack)
"Prometa que vocês jamais voltarão para me resgatar" (Jack para Kate em "Not In Portland")
"Você vai sempre precisar de algo para consertar, Jack" (Sarah, em "The Hunting Party")
"Nós vamos para casa" (Ben)



Chato, modorrento, monótono... Esses parecem ser os adjetivos mais usados para definir o novo episódio centrado em Jack. Eu não chego a esse ponto por acreditar que é complicado uma série como "Lost" manter a adrenalina lá em cima o tempo todo - aliás, nem é a proposta; mas acredito que "Stranger In A Strange Land" é o marco inicial de uma bomba - que pode ser a tal que os criadores da série disseram que iria cair ainda nesta temporada:

Jack pode estar começando a se bandear para o lado dos Outros.




Sou um otimista por natureza, e ainda mais em se tratando de "Lost"; e por isso, acredito que "Stranger In A Strange Land" só faça sentido e se justifique na trama - o flashback de Jack em uma terra desconhecida, as conversas com a misteriosa (e ótima) Isabel e, em um certo nível, a nova barganha de Jack com Ben - caso ele signifique o início de uma transição séria na postura do médico e em sua vida como um todo na ilha.

Sempre senti um certo tom de admiração de Ben em relação a Jack - um sentimento que, em graus diferentes, é compartilhado pelos demais Outros. O "prestígio" do médico é tanto que acredito que, se fosse Sawyer ou Kate a expôr a vida de Ben da mesma forma que Jack fez ao abrir o corte no rim do ex-Henry Gale, qualquer um deles teria sido morto.

A notícia de que o único cirurgião que os Outros tinham era Ethan é a certeza de que sua morte deixou uma lacuna não-preenchida que certamente Ben gostaria de ver um fora-de-série como Jack ocupar. E é bom que lembremos: um homem que consegue barganhar com os Outros por duas vezes em posição claramente vantajosa é o tipo de sujeito que Ben não quer como inimigo. Sendo assim, por que não eliminá-lo? Jack só está vivo no meu entendimento por um único motivo além dos cuidados com Ben: na visão de um astuto líder, só há uma coisa melhor do que acabar com um inimigo - e ela é fazê-lo se tornar seu aliado.

A tatuagem de Jack - leitura fiel de quem ele é, segundo Achara - é a prova de que a solidão e a falta de rumos norteiam a vida do médico. Já falei sobre isso, mas não custa repetir: em inglês, "Shephard" significa pastor - e Jack é um pastor perdido e sem ovelhas. Longe dos sobreviventes e sem Kate, o único elo entre o doutor e a única coisa que sempre foi seu prumo que é o ato de curar é justamente a infecção de Ben.





Talvez essa carência crônica de Jack, aliada ao fato de tentar salvar Juliet, tornem o médico bastante vulnerável em sua nova fase na vila dos Outros. Vulnerável a ponto de, quem sabe, ser suficientemente manipulado para que passe a ver que ali, na casa de Ben, talvez esteja seu novo rebanho.


* * *

Sobre os outros detalhes de "Stranger In A Strange Land", vem podcast amanhã...

Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro

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