quinta-feira, 26 de outubro de 2006

"EVERY MAN FOR HIMSELF" - UM CORDEIRO NA PELE DE LOBO

"A única coisa que colocamos dentro de você foi dúvida" (Ben)

"Fizemos isso porque a única forma de se conquistar o respeito de um trapaceiro é passá-lo para trás" (Ben)

"É por isso que você nunca deve se apegar, porque quando você se importa é que eles vêm te pegar" (James Ford)



Na semana passada, em "Further Instructions", tivemos mais um capítulo da história de Locke que, como eu disse, prefere acreditar no inexplicável por não confiar na vida real e ter sido sempre traído pelas pessoas de sua vida. No episódio desta semana, foi a vez de Sawyer. Um homem desconfiado como Locke, amedrontado pelo mundo feito Locke, mas que descobriu um jeito diferente de não se magoar: magoando.




O estupendo gênio do mal chamado Ben é mestre em perceber e expôr as fraquezas alheias. Em "Every Man For Himself", tudo o que ele fez foi lembrar Sawyer de que, hoje, ele é prisioneiro de pessoas bem mais espertas do que ele - sobretudo porque o conhecem bem.

(Minto: Ben teve tempo também de tocar na ferida de outro capturado, Jack, ao mantê-lo por um bom tempo algemado à maca da falecida Colleen e o lembrando de mais um fracasso como médico.)

De volta a Sawyer - ou melhor, a James Ford. O maior 171 do vôo 815 - pelo menos até onde sabemos, não? - já foi presidiário. E dentro da cadeia conseguiu armar para poder ter sua liberdade. Seu golpe em Munson foi bacana, mas perdeu de longe para a notícia dada a ele por Cassidy.





Ford é pai. Clementine Philips é o nome da bebê. Uma verdadeira bomba, não? Na minha opinião, uma informação que conduz a dois caminhos. O primeiro é que, mais uma vez, temos a relação entre pais e filhos abordada em "Lost" - e os próprios produtores já disseram que ela é fundamental para compreendermos o grande mistério da série.

Quer dizer, isso se esse papo de paternidade for verdadeiro. E este é o segundo.

Acho que tanta gente fica empolgada com a notícia que se esqueceu de perguntar: e se Cassidy estiver aplicando um tremendo golpe em James Ford? E se ela, que ficou tão fascinada pela vida de trambiques e depois de ter tomado um desfalque não resolveu se vingar?





Se você não chegou a pensar nisso até agora, tenha a certeza de que James Ford pensou. Pensou e testou Cassidy ao encará-la, dizendo que aquela não era a sua filha, olhando nos olhos dela e tentando perceber se tudo não passava de um blefe dela.

O que James Ford percebeu afinal? Nada. Restou só a dúvida - a mesma plantada por Ben com a história do marcapasso. James Ford é um homem de dúvidas.





Com a torta "declaração de amor" de Kate, ele conseguiu mais uma para sua coleção - esta, na verdade, bastante desejada por ele. Uma incerteza que não acabou quando Kate disse que só falou a frase para que Pickett parasse de surrá-lo. Aliás, nenhum de nós pode ter total convicção de que Kate estava sendo sincera - lembre-se de que a Sardenta também é craque na dissimulação.

Sawyer pode ser bom nisso, mas não é dele. Ele aprendeu a ser assim, mas sua essência é boa. E este é um dos fatores pelos quais o personagem é tão bom: enquanto na ilha muitos parecem ocultar seus lados mais sombrios, por pura defesa Sawyer tenta esconder sua bondade, sua paixão. Em vão.

Um tigre não muda suas listras. James Ford é a prova disto.


* * *


Jack pode ser frágil, teimoso e mandão, mas não é burro. E, além de já ter percebido que Juliet pode passar pro seu lado, notou a radiografia do tumor. Quem estará doente?


* * *


Digo e repito: Desmond já tem o dom de saber o que vai acontecer antes mesmo de chegar à ilha. É só lembrar do papo dele com Jack no estádio, em que ele diz que o médico pode ter curado Sarah.





E ele não está sozinho: previu a tempestade do mesmo jeito que Locke faz isso desde o comecinho da primeira temporada. E isso sem falar em Walt, pedindo a Locke para "não abrir a escotilha", falando para Michael que eles tinham que sair da ilha e falando de trás pra frente para "apertar o botão, porque o botão não era 'mau'".


* * *





Então, temos duas ilhas, certo? Ok. E isto prova que aquela em que o vôo 815 caiu é:

- um IMENSO pedaço de terra cercado de águas por todos os lados;
- ligada à ilha da escotilha Hydra por algum túnel - ou, num palpite mais razoável, por algum transporte. Neste último caso, o "sub" da frase dita por Ben deve realmente se referir a um submarino.

E há mais um mistério que, por enquanto, vou deixar no ar para falar no podcast. Mas adianto que, ao melhor estilo de Ben, é uma dúvida que quero deixar na sua cabeça...

Então, não perca: como de costume, o podcast sai na tarde desta sexta-feira. Não perca!

Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro

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