quinta-feira, 19 de outubro de 2006

"FURTHER INSTRUCTIONS" - A SABEDORIA DE OUVIR A ILHA (ou "UM OUTRO CHAMADO JOHNATHAN")

(MUITA ATENÇÃO: O texto abaixo falará do terceiro episódio da terceira temporada de "Lost", inédita na TV brasileira. Por isso, se você não o viu e não quiser ter sua surpresa estragada, clique aqui para vistar nosso site sobre a série.)


"Levanta agora os olhos, e olhe para o norte" (cajado de Eko)

"Você precisa falar... com a ilha." (Charlie)

"Eu vou salvar a vida de Eko." (Locke)

"Você é um fazendeiro, John." (Eddie)

"Não. Eu era um caçador. Eu sou um caçador." (Locke)

"Um tigre nunca muda suas listras." (James 'Sawyer' Ford)


Quando eu era criança, e morria de medo de fantasmas, minha avó dizia: "Não tenha medo dos mortos, e sim, dos vivos". E por mais que a gente enxergue a razão por trás disso, muitas vezes é complicado não temer o sobrenatural, o irracional, o diferente. No terceiro episódio de "Lost", vimos a história de um homem que superou a tendência de se ter pavor do que não se vê ou entende por conta do temor dos que o acompanharam a vida inteira.





O John Locke que conhecemos por seu passado - ou Johnathan Locke, de acordo com o livro dos registros de compra das armas - foi um homem acostumado a ser traído o tempo todo. Talvez daí venha a sua facilidade em se conectar com o invisível e inexplicável - uma simples questão de necessidade de ter algum laço seguro e confiável. A vida do cotidiano palpável, racional e material nunca sorriu direito para ele: burocrata humilhado pelo chefe, paraplégico, largado pela amada, cliente de disk-sexo, usado pelos pais - e, como agora sabemos, pelo policial Eddie também.

O passado que Locke conseguiu esquecer na ilha durante a primeira temporada reapareceu para ele violentamente desde o momento em que entrou na escotilha Pérola. E sabe-se lá se algo a mais aconteceu além da explosão - ou melhor, da implosão - da escotilha Cisne para que o Locke comecasse a retomar sua fé.

E foi assim, com a ajuda de alucinógenos e do ritual da sauna tão usado pelos nativos norte-americanos, que John Locke reencontrou seu lado místico - e conseguiu retomar seu contato com a ilha por intermédio de Boone. Ninguém melhor para isso pois, provavelmente, ele foi o único companheiro de Locke que não o traiu jamais - e talvez por isso tenha sido "escolhido" para manifestar junto ao caçador os desejos do local.





Depois da incrível e reveladora visão, Locke e a ilha fizeram as pazes. Ela o guiou até o salvamento de Eko - e certamente, pelo que o próprio Boone disse, quando terminar de limpar "a própria casa", o caçador Locke irá atrás do trio capturado pelos Outros.

E certamente, John Locke vai salvar o trio capturado. Por que?

Não só porque Boone disse. Não só porque ele é um dos únicos - e Eko é o outro, e talvez Charlie numa proporção bem menor que os os dois - a crer em algo além do que os olhos vêem.





Vimos que a comunidade de Mike e Jan é uma grande família, isolada, em que todos vivem em prol do coletivo. Um grupo que guarda segredos, que pesquisa o passado das pessoas que habitavam aquela fazenda - e que provavelmente não poupou a vida do jovem policial Eddie.

Por isso, se há alguém dentre os sobreviventes capaz de entender como agem e pensam Benjamin, Juliet e os demais pertencentes ao grupo que vive e atua misteriosamente naquela ilha, esta pessoa é John Locke.

Em outras palavras: Locke deverá salvar Jack, Kate e Sawyer porque, muito longe da ilha, ele já foi um Outro. Ou quase isso.

E um caçador. E, novamente, um homem de FÉ.



* * *


Ainda tivemos a volta dos momentos divertidos de Hurley, a curta (porém bacaninha) estréia de Rodrigo Santoro e Kiele Sanchez...





E com mais destaque do que os assuntos do parágrafo acima, os ossos das crianças na caverna, a intrigante mensagem de Eko e uma velha novidade sobre Desmond - e sobre eles muito falarei no segundo podcast desta semana, disponível a partir da tarde desta sexta-feira.

É amanhã. Não deixe de ouvir.

Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro

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