quinta-feira, 15 de março de 2007

"PAR AVION" - A VERDADEIRA FALTA DE RUMO

(Com SPOILERS para quem não assistiu ao 12º episódio da terceira temporada)


"Eu não fiz perguntas sobre minha filha porque não quero saber as respostas" (Rousseau)
"Por que você está aqui realmente? Você está por Jack?" (Sayid a Locke)
"Existe esperança e culpa, e acredite: eu sei a diferença" (Christian Shephard)
"Por favor, não desistam de nós" (Claire, no bilhete-pedido de salvamento)





Depois de ver o novo episódio de Claire, fica pra mim a certeza de que caíram os últimos que ainda sustentavam que "Lost" andava perdida. Usando outro trocadilho, "Par Avion" representa a decolagem plena desta terceira temporada em um episódio que, excetuando o humor, reforçou todos os demais elementos que fazem a série ser sensacional.





Houve tensão - e o tempo todo - na expedição rumo à vila dos Outros e suas sementes de desconfiança. Kate não entende Rousseau - e como entender? -; Sayid não se entende com Locke - e por bons motivos, devo dizer; e todos, com exceção de Bakunin, entenderam a grandiosidade do que estavam prestes a enfrentar ao se depararem com os pilares que formam a tal "invisível cerca sônica", e com o incrível fim do ucraniano. Incrível e lamentável, pois com ele certamente foram várias respostas...





Houve esperança, e em dose dupla. Primeiro, na idéia bonita de Claire em usar as gaivotas como pombos-correios de seu pedido de socorro (que definiu de forma simples e eficiente a situação em que os sobreviventes se encontram), inspirando o nome "Par Avion", expressão usada nos serviços postais para designar o transporte de correspondências internacionais; e no carinho da australiana em se solidarizar à Charlie na luta contra o trágico destino para o inglês que Desmond insiste em enxergar.





Houve revelações, no retrato de um instante especialmente ruim do passado de Claire, em que o claro adeus da mãe Carol (e todas suas culpas sobre ela) contrastou com a descoberta de outra perda, a de uma vida inteira, chamada Christian Shephard - um homem infeliz que nunca conseguiu criar maiores laços com seus filhos.

Houve mistério. O que dois irmãos por parte de pai faziam no mesmo - e fatídico - avião? Como não acreditar que o vôo 815 estava predestinado a cair naquele lugar, e tendo aqueles passageiros?

E, sobretudo, houve reviravolta, presente em um Jack, feliz, inocente, brincando de bola, e atormentando a visão do quarteto desbravador - e com uma mensagem que particularmente me apontou um sentido curioso: quando pensava que o episódio acabaria com Claire soltando a gaivota, veio a verdadeira e perturbadora cena final; e com ela, a surpresa e a mudança de comportamento deixando a fé em segundo plano.

Desconfiança, traição, medo, egoísmo; e também, esperança, fé e o velho clássico de acaso x destino. "Lost" está perdida?





Não. Vamos abrir os olhos: perdidos estamos nós - e da melhor forma possível.


* * *

Amanhã, o podcast com todos os demais aspectos de "Par Avion". Venha, ouça, comente!

Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro

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