"Deus nos testa de várias maneiras" (Irmão Campbell)
"Por alguma forma, seu caminho o trouxe até aqui; e agora, você é um de nós (Irmão Campbell)
"Com dinheiro e determinação, qualquer um pode ser encontrado" (Penelope Widmore)
"Vocês estão discutindo para ver quem é seu Outro favorito?" (Sawyer)
"Você passou muito tempo fugindo para perceber para onde você está correndo" (Irmão Campbell)
"Ainda bem que não foi um pastor que o ajudou, senão você estaria com as ovelhas, não?" (Ruth)

Como entender os sinais que a vida nos dá? Qual a forma certa de interpretá-los? Desmond tem um sério problema a esse respeito - e é isso que mais me chamou a atenção neste 17º episódio. Lidar com as mensagens que a vida passa parece ser um problema crônico ao longo da vida do "Brotha".
A observação de sua ex-noiva Ruth é contundente demais em meio a toda a sua ironia, e comprovou o que todos nós já sabíamos - pelo menos os que morreram de raiva ao ver que, em "Flashes Before Your Eyes", Desmond não teve coragem/ímpeto/sensatez (escolha a palavra que preferir) de ignorar o que Ms. Hawking, a velhinha do antiquário, tinha dito a ele sobre não continuar com Penny e tentar ficar com ela.

Antes de conhecer a loira milionária, ele também imaginou que deveria abandonar a noiva de seis anos para tentar ser monge - e tudo por conta de um suposto "chamado" que não demorou a se confirmar falso... ou mal-interpretado, segundo o próprio Irmão Campbell - aquele mesmo, cuja convicção em apontar que Deus tinha planos maiores para Desmond não consigo disassociar da estranhíssima foto com Ms. Hawking em sua mesa. Você consegue?
Ok, sigamos a torta linha do tempo do "Brotha". Ele conheceu Penny, namorou com Penny, largou Penny, foi para a ilha, sozinho num barco, e depois, numa escotilha. Alguém falou não ir para um monastério ao terminar com uma garota? Aí, girou a chave, voltou no tempo, largou Penny, voltou para a ilha... E lá está ele, diante de uma nova e intrigante visão que o dividiu: honrar o destino para rever Penny e matar Charlie ou salvar o roqueiro e arriscar o reencontro com sua amada?
No complexo quebra-cabeças de peças espalhadas que lhe cabia montar, o fantasma da morte de Charlie o apavorou tanto a ponto de não perceber uma dica valiosa: desde o começo, desde sua primeira visão quando tentava pescar, ele tinha visto não só a flechada em Charlie, mas também a cena em que o roqueiro, ao lado de Jin e Hurley, segurava a lona do pára-quedas. Com aquela imagem parecia que o destino lhe mostrava que a morte do baixista não era a única opção. Porém, Desmond não atinou para isso - e sofreu...
Tanto Desmond penou que por pouco, muito pouco, quase faz a escolha errada. O que o salvou? Seu heroísmo e a nobreza de seu caráter, virtudes marcantes do personagem aliadas ao seu carisma. E se não houve a recompensa sonhada no fim, que lhe sirvam três belos consolos: o primeiro, claro, a sua foto no livro; o segundo, seu nome dito pela paraquedista - estes dois, sinais de que Penny procura por ele.

O terceiro? A lição vinda com o salvamento de Charlie, a vida encontrada fora da abadia, a vida ansiada ao lado de Penny. Por mais que Hawking, Campbell e os flashes do futuro apontem direções, não há nada escrito. Melhor: não precisa haver nada escrito. Lá estava Hurley a bordo da kombi de "Tricia Tanaka" a não me deixar mentir.
Sim, a figura muda. Você pode escolher, Desmond. Sempre.
* * *
De certa forma, o "Brotha" já tinha algo de consciência em relação a isso, ao afirmar a Charlie que tinha sido um covarde ao deixar Penelope - o mesmo motivo que iniciou a briga entre os dois em "Flashes Before Your Eyes". Reconhecimento significativo demais, se pensarmos em tudo o que disse acima.
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Kate desenvolveu a forma mais estranha de egoísmo jamais vista na ilha - e pode acabar se complicando neste pingue-pongue.
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E se você quiser saber o que o nome "Catch-22" tem a ver com tudo o que disse sobre Desmond - e também saber dos demais detalhes, e outros comentários sobre o episódio, é só não perder o podcast de amanhã.
Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro
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