Para deixar tudo mais organizado, vou dividir esse dossiê em três partes. Uma delas falará do passeio de "Lost" que fiz a bordo de um jipe durante cinco horas; outra, da minha deliciosa incursão a North Shore, norte de Oahu, em locais como a praia dos sobreviventes e a vila dos Outros, em que estive com a cara, a coragem e um carro alugado com GPS (U-hu!); e a primeirona, que já começa logo abaixo, das minhas idas e vindas nas ruas de Honolulu - as mesmas que ajudaram a contar boa parte do passado dos sobreviventes do vôo 815.
Preparados? Lá vou eu então...
Já que irei falar de ruas, esquinas e afins, não será dessa vez que vou falar sobre a beleza de Oahu, e de como aquele lugar foi a escolha perfeita para sediar as gravações de "Lost"; agora, de cara, dá para mencionar duas curiosidades que relacionei diretamente com a série em pouquíssimo tempo na ilha: o clima e o trânsito.
Dá para dizer sem medo que um dia de Honolulu tem 23 horas e 30 minutos de tempo muito bom. A outra meia hora tem chuva pesada, de nuvens negras e gotas generosas, divididas em seis aparições de cinco minutos cada. Ou seja: você está lá, feliz e contente, e de repente cai o mundo. E antes que você possa dizer "The Man From Tallahassee", passou.
Lembrou da ilha de "Lost"? Eu também. Só que, infelizmente, saí de lá sem saber se essa peculiar característica de Oahu influenciou essa particularidade do local na série ou se a produção procurava um lugar estranho assim. Nah, tudo bem: sei que as chuvas de "Lost" são artificiais, mas a coincidência é cristalina demais para não ser citada...
Faça chuva ou faça sol, outra coisa que qualquer turista nota de forma singular em Honolulu é seu trânsito em slow motion. Não falo do tráfego pesado não, mas sim da leveza do pé no acelerador praticada em toda e qualquer rua. A "vagareza" é de lei: em muitos locais, não se pode passar dos 50km/h. Nas estradas, a máxima velocidade aceitável é de 70km/h.
Acreditam nisso? Pois é: alguns atores de "Lost" também não levaram fé. Ao notar a velocidade reduzida dos motoristas havaianos, pensei naquela velha história de que os atores da série que cometem infrações abusivas no trânsito local acabam capotando do elenco. Aliás, há um tempo o Séries Etc. falou a respeito dos artistas que andaram pisando um pouco além da conta para os padrões do Havaí, como Dominic "Charlie" Monaghan e Josh "Sawyer" Holloway. "In Hawaii we drive with aloha" - em uma tradução aproximada, "No Havaí, dirigimos com 'fair play'"; e é curioso pensar em "multa por excesso de velocidade" para quem trafega a 60 km/h, mas... por lá isso é bem comum.
A pé e feliz, me mandei para meu primeiro dia de caçada por locações de "Lost" nas ruas de Honolulu. Fiquei hospedado na praia de Waikiki, por isso tive que pegar um ônibus para ir a Downtown Honolulu, o centro da cidade. Em se tratando de cenas de flashback, é por lá que são rodadas nove entre dez cenas.
E o mais legal: como o centro deles não é uma imensidão, em um único passeio é possível conhecer vários lugares usados nas filmagens dos flashbacks. Cool!
Meros 15 minutos de ônibus - e isso se muito! -, lá estava eu na simpática Parke Chapel, capela da Catedral de Saint Andrew. Na capela e na catedral foram rodadas boa parte das cenas de igreja vistas na série, e principalmente as que envolveram dois dos personagens mais católicos da história de "Lost": Eko e Charlie.

Nessa visita, um detalhe curioso: reparem na hora marcada pelo relógio da igreja no momento em que saía de lá...

Eu juro para vocês que eu não armei pra isso acontecer!
Segunda parada: First Hawaiian Center. O edifício mais alto de Oahu abrigava o escritório do temido Sr. Paik, pai de Sun e sogro de Jin. Só que, na "vida real", é a sede de um banco; e por isso mesmo não fui autorizado a visitar a sala em que o coreano prende e manda soltar. O vigilante que me barrou usou de muita educação, mas não consegui esconder uma certa frustração na hora da foto...

A barração não me abalou em nada. Tudo porque, a três minutos dali, fica uma filial do Honolulu Cafe que recebeu Cynthia "Libby" Watros e Henry Ian "Desmond" Cusick para um cafezinho que renderia ao "Brotha" um certo barco chamado Elizabeth...

Cena de "Lost": Desmond no caixa, Libby indo falar com ele...

Uma temporada depois, lá estava eu no balcão!
Ao chegar lá, o local já estava fechado; mas quando falei para eles que o assunto era "Lost", os garçons japoneses - sim, o Havaí é tem muitos japoneses! - esbanjaram simpatia. Eles contaram que o Honolulu Cafe foi alugado por um dia inteiro para a gravação das cenas; e tanto Cynthia quanto Ian foram bem simpáticos.


Quando perguntei a eles a mesa à qual eles haviam se sentado, eles me indicaram essa acima; e por terem um inglês bem precário, não souberam me dizer ao certo o que havia acontecido com o cenário de fundo, já que o que vimos na série era bem maior. Me restou deduzir que a produção ampliou digitalmente a área do Cafe...
Depois de atravessar duas ruas - numa caminhada de uns 50 metros -, lá fui eu parar no Murphy's Bar & Grill. Mais uma vez, foi só falar em "Lost" que os funcionários do pub se mostraram muito generosos. Em especial, um deles, Jonathan - que você já conhece deste post aqui - mostrou ser um tremendo gente fina e um fã de "Lost" muito bem informado.
No interior do Murphy's, Jonathan apontou o local no pub onde Charlie começou a dar em cima de Lucy Heatherton - aquela pobre moça que foi roubada por ele...


E vale corrigir uma informação do post em que primeiro falei do Murphy's: não foi lá que Sawyer encontrou Christian Shephard, mas sim o lugar em que Anthony Cooper deu a Locke a chave do seu cofre... Comprove:


Correção feita, falemos mais de Jonathan. O simpático e falante garçom não ficou restrito ao "seu" pub não: foi até a calçada e apontou outros dois lugares mostrados na série: primeiro, o beco nos fundos do pub, em que Charlie e Liam andaram batendo boca.

Acima, o beco versão Honolulu...

E agora, na versão londrina, com direito a carro inglês e a ponte sobre o rio Tâmisa
Lembra quando Bernard ajudou Rose com seu carro, em uma Nova York coberta de neve? Era ali, em frente ao Murphy's, do outro lado da rua. "Cobriram isso aqui de gelo!", contou o sempre empolgado Jonathan.


O que eu não sabia é que essa parede de tijolinhos escondia outra importante locação de "Lost": o pub onde Desmond contou ao seu amigo Donovan suas visões do futuro em "Flashes Before Your Eyes" - na verdade, o O'Tooles Pub, logo em frente ao Murphy's. Que pena que não dei uma entrada...
Antes de nos despedirmos de Jonathan, ele deu uma boa dica em relação ao nosso próximo destino: "Ah, você vai à casa de leilões que foi a agência de viagens que recusou Locke? Então, atravesse a rua e confira o banco roubado por Kate!". Ok, Jonathan! O banco estava fechado, mas eis aí abaixo a entrada da agência. Reparem na porta ao fundo na cena extraída de "Lost":


E, claro, a McClain's Auctions - ou melhor, a agência que vetou Locke no Walkabout. A casa de leilões também estava fechada, mas valeu o registro:

Sabem o que é mais legal? Depois descobri que a McClain's também foi o antiquário de Ms. Hawking em "Flashes Before Your Eyes". Nada mal!
Essa foi minha última visita naquele dia. Só que ainda voltaria ao centro de Honolulu para conferir um lugar nobre: o Hawaii Convention Center - ou melhor, o aeroporto de Sydney...

Veja o vídeo abaixo e repare: eu fiquei bem perto de onde Jack aparece nessa cena
Claro que havia outras várias locações de "Lost" espalhadas em Downtown Honolulu, mas devo relembrar: estava em viagem de férias e, além disso, eu precisava tirar uns dias para me embrenhar pela floresta, conhecer praias visitadas e habitadas por uns sobreviventes de um desastre aéreo, dar uma passadinha na vila de uns tais Outros...
Para os que pretendem conhecer esses lugares um dia, passo os endereços já:
- Parke Chapel e Saint Andrew's Cathedral - 229 Queen Emma Square
- First Hawaiian Center - 999 Bishop Street
- Murphy's - 2 Merchant Street
- O' Toole's - Marin Lane
- McClain's - 1 North King Street
- First Hawaiian Bank - 2 North King Street
- Hawaii Convention Center - 1801 Kalakaua Avenue
Bom, na madrugada desta segunda para terça tem mais. Aloha!
Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro
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