Como já havia antecipado por aqui, é hora de fazer o lançamento de uma nova coluna do Lost in Lost: "Lost in Lost Responde"!
A cada quarta-feira teremos as dúvidas mais recorrentes, as idéias mais interessantes, os argumentos mais pertinentes, e as questões que não querem calar vindas de vocês, amigos leitores, para mim!
Algumas explicações antes do pontapé inicial:
- Algo escandalosamente óbvio, mas que sinto necessidade de relembrar: as respostas e comentários abaixo refletem tão somente minhas opiniões sobre os fatos da série - exceto, claro, quando cito diretamente uma informação vinda de um produtor/roteirista/ator, ou seja, pessoas realmente credenciadas a "bater o martelo" sobre questões na trama. Certo?
- Nesta primeira edição do "Lost in Lost Responde" decidi incluir somente perguntas que não fazem referência a spoilers nem respostas minhas que citam informações que estragam a surpresa de ninguém; mas na segunda edição da seção, reservarei um espacinho para os que querem saber de spoilers, ou aqueles que mandarem perguntas que "pedem" naturalmente a citação deste tipo de informação em suas respostas;
- Por serem feitas por muita gente, algumas perguntas não trazem os nomes de seus autores;
- Quem não quiser ter seu nome citado nesta seção do blog, por favor, que faça essa ressalva no e-mail;
- E mesmo com o "Lost in Lost Responde", a seção de e-mails do podcast do blog segue firme.
Para os que ainda não escreveram e quiserem mandar bala, o e-mail é: lostinlost@globo.com. E se você já enviou sua mensagem mas ela não está abaixo, isso não quer dizer que ela não vá ser lida...
Então, lá vamos nós, com as perguntas/observações em negrito e minhas respostas/comentários logo abaixo. Espero que gostem!
- "É possível que a 'doença' de Desmond e de Minkowski seja a mesma que dizimou a equipe de Rousseau?"
Creio que esta seja uma excelente possibilidade, mas fico a uma pendência/pergunta de aceitá-la: se de fato foi a mesma 'doença', por que Rousseau não morreu? Teria ela também encontrado sua constante?

Muito delicado afirmar algo em torno disso, pois Rousseau é mais fechada do que o túmulo visto pelo Jack do futuro no fim da terceira temporada. Enfim, sou mais um fã de "Lost" que clama por ver um flashback da francesa, pois acho que ela guarda grandes segredos da ilha e chaves para vários mistérios da série - um deles, claro, o extermínio de sua equipe.
"Carlos Alexandre, será que daqui a dois dias no seriado teremos alguma referência à tsunami que atingiu a Indonésia no dia 26 de dezembro de 2004?" (Fábio dos Santos)
Escolhi essa pergunta porque ela me dá um "gancho" para algo que creio que nunca podemos nos esquecer ao ver a série: "Lost" é um programa de ficção. Há sérias influências e até ocorrências de fatos, circunstâncias, leis, regras etc. do "mundo real"? Sim! Mas isso fica a cargo de quem produz e escreve a trama.
Ou seja: Fábio, é até possível - embora eu ache improvável - que vejamos alguma menção ao tsunami de 2004 em "Lost"; mas os produtores não têm qualquer compromisso com os fatos do mundo real. Em outras palavras, no mundo de "Lost", pode ser que a tragédia jamais tenha ocorrido.
"Ficou explicito que Desmond (ou melhor, sua mente) voltou no tempo em 'The Constant'. E logo de cara me veio uma pergunta: se Desmond(na 4ª temporada) não morreu por ter achado sua incognita que foi Penelope, o que o impediu de morrer quando fez a viagem no tempo da 3ª temporada, em 'Flashes Before Your Eyes'? Qual foi sua incógnita?
Minha opinião: Charlie. Afinal, Desmond encontra com ele tocando na rua após sair da empresa do pai de Penny" (Hygor Rigolin)
Hygor, vamos considerar dois caminhos. O primeiro é o de que a viagem de Desmond em "Flashes Before Your Eyes" foi exatamente igual a de "The Constant".
A favor dessa idéia, temos a boa possibilidade levantada por você: a de que Charlie tenha sido a constante de Desmond. Considerações a respeito disso:
- Faraday disse que a tal constante tem que ser algo ou alguém que realmente signifique bastante ao "doente". Podemos considerar que Charlie já era significativo para o Desmond do passado em "Flashes...", pois foi ele que lhe deu a certeza de que ele estava revisitando sua história pregressa. Tal importância pode, a grosso modo, ser comparada à de Desmond para Faraday, já que ter recebido um visitante do futuro realmente marcou a trajetória do físico.
- Muito importante: em "Flashes", não teria sido a mente do Desmond do passado a ir para o presente, mas a do presente a ver o passado, tal qual aconteceu com Minkowski. E, mesmo assim, como ele não teria perdido a noção de onde estava, de Penny e dos demais fatos? Simples: porque ele já tinha vivido tudo aquilo, ao contrário do Desmond no exército, que ainda não tinha ido à ilha, nem conhecido Sayid, Lapidus etc.

E, no caso desta viagem ao passado, imagino, a jornada pode ter sido feita de uma vez só, quando o Desmond do presente ficou desacordado após a descarga eletromagnética até acordar nu na ilha. Nada de idas e vindas como as vistas em "The Constant".
- E mais: Desmond poderia ter tido o sangramento nasal no barco, mas pode não ter tido o mesmo sintoma no passado pois talvez o tempo que levou para reencontrar Charlie após a descarga eletromagnética tenha sido suficiente para evitar a hemorragia.
Mesmo sendo bem razoável, essa hipótese não responde uma grande dúvida: se o Desmond de "Flashes Before Your Eyes" só visitou o passado, por que ele passou a ter flashes do futuro? Ou melhor, visões de possibilidades do futuro, já que ele "criava" o futuro ao impedir a "primeira morte" de Charlie? E aí teríamos o tal segundo caminho: o de que a viagem de "Flashes" foi diferente da de "The Constant". Assunto bem espinhoso , não?
De qualquer forma, essa dúvida me atormenta, e espero que eles esclareçam isso muito bem na própria série.
"Em 'The Constant' vimos que Desmond ligou para Penny na véspera do Natal de 2004 e ela atendeu no 'mundo exterior' no mesmo dia. Então, como fica aquela história de que o tempo passa diferente na ilha e fora dela?"
Mais uma pergunta complicada. Se considerarmos tudo o que já vimos em "Lost", temos uma diferença de 31 minutos entre o que acontece na ilha e fora dela; por outro lado, já vimos Sayid perguntando a Lapidus por que eles saíram da ilha ao anoitecer e chegaram ao cargueiro no meio do dia; e uma referência a um "Walt mais alto", feita por Locke...
Para tentar responder essa pergunta, recorro a Daniel Faraday, quando disse a Jack e Juliet que a percepção deles de passagem do tempo talvez seja diferente de como o tempo de fato transcorre. E claro que os colegas do físico no navio sabem disso muito bem.
Sendo assim, vou com Faraday e digo que, na ilha, por mais que a percepção de seus habitantes em relação ao tempo aponte que eles estejam de fato próximos ao Natal, de alguma forma isso não corresponde à verdade. Desta forma, só seria dia 24 de dezembro de 2004 fora da ilha - ou, para pensar em "The Constant", no local "além da tempestade". E isso explicaria a dúvida de Sayid diante de Lapidus - a diferença de luminosidade natural na partida e na chegada, tendo em vista que a viagem pode ter durado pouco para eles -, e o motivo de Desmond ter conseguido entrar em contato com Penny no dia certo.
Caso essa possibilidade se comprove, para mim será certo que há uma forma de, dentro da ilha, calcular qual é o dia e que horas são no mundo exterior - algo como uma equação para se chegar a uma espécie de fuso horário bastante singular, fórmula amplamente dominada pelos Outros...
Isso daria a Ben, Richard Alpert e companhia a possibilidade de viajar no tempo? Acho possível, já que "só os tolos são escravizados pelo tempo e pelo espaço", mas também é algo complicado de se realizar, uma vez que os autores da série querem fugir das armadilhas dos paradoxos que podem surgir em idas e vindas ao passado, presente e futuro.
Contudo, reafirmo por spoilers que já andamos tendo - e que prometi acima não mencionar -, a chance é real...
Mais: uma vez que os autores já disseram que o crescimento de Walt estava previsto desde o começo da trama e terá uma explicação bem razoável, é possível também que a razão para este desenvolvimento do garoto passe pela explicação da percepção modificada de tempo...
Agora, esqueçam tudo isso se a diferença de tempo entre a ilha e o "mundo exterior" for constante, se mantendo em 31 minutos. Só que acho bem difícil de isso se confirmar na série...
"Fiquei pensando sobre como seria possível Ben ter dado ordens para a psicóloga Harper tão rapidamente... E já que ela disse que ele está exatamente onde quer estar, pensei no seguinte: Será que as casas dos Outros não possuem algum circuito de vídeo ou escutas que podem ser monitoradas de outro lugar da ilha? Isso também explicaria o fato de Ben ser tão hábil para espionar Juliet... Sei que é algo bobo e até meio óbvio, mas só pensei nisso agora" (Thati Ponce)
Não acho nada boba a idéia de Ben poder se comunicar com os demais Outros direto de seu porão, Thati! Às vezes ficamos tão encucados com os mecanismos complexos de "Lost" que esquecemos - ou até descartamos! - respostas mais simples e perfeitamente pertinentes, como a da hipótese levantada por você.

Por isso, digo que acho bem válido pensar que haja alguma forma de Ben ter se comunicado com Harper do porão de sua casa por um meio que não seja paranormal ou extraordinário. Que tal um rádio, por exemplo? Se lembrarmos que já descobrimos um cômodo secreto na casa de Ben e se considerarmos que ele é um sujeito "que sempre tem um plano", não acho absurda a idéia de ele ter mínimas condições de comunicação com outros pontos da ilha em algum radiotransmissor ou mesmo em outra salinha oculta em seu porão, prontas para operar em casos extremos, como sua situação atual.
Agora, quanto ao monitoramento das atitudes de Charlotte e Faraday, acho apenas que pode ser uma informação já passada pelo seu espião do cargueiro, que estaria ciente da missão dos dois, e quando ela aconteceria... Mesmo assim, a idéia de um monitoramento/rastreamento de ambos não deve ser descartada não! Já pensou se descobrirmos uma espécie de rastreador "plantado" junto aos equipamentos do físico e da antropóloga? Não vejo por que não.
"Não acho que Jin tenha morrido! Creio que ele ainda esteja vivo na Ilha. Para mim, a Sun chorava de saudades de um marido vivo que ficou na ilha."
Bom, não vejo sentido em que Hurley e Sun, duas pessoas que sabem de tudo o que realmente aconteceu na ilha, possam ter fingido para elas próprias que Jin não está ali sob aquela lápide. Lembram de Hurley perguntando a Sun se eles "podiam ir vê-lo"? Caso a morte de Jin tivesse sido forjada, ele não precisava ter dito isso; e muito menos eles teriam ido até a falsa lápide...

No mais, vale lembrar de que, como Penelope Widmore uma vez disse, "com dinheiro e disposição é possível encontrar qualquer um". Grana não falta à abastada Sun; e, se seu marido estivesse vivo, para mim é óbvio que ela não mediria esforços para reencontrá-lo.
* * *
E assim termina o primeiro "Lost in Lost Responde". Os comentários são todos de vocês!
Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro
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