Tudo começou às 14h50, horário de San Diego - ou melhor, 14h55. Cinco minutos atrasado para o meu teste admissional - e tudo por conta do painel que reuniu showrunners (produtores/roteiristas) de séries, como os próprios Damon Lindelof e Carlton Cuse, de "Lost". Quanta ironia: por ter ficado além do tempo vendo o que os dois tinham a dizer, eu estava prestes a perder a chance de participar da Dharma...
Felizmente, minha angústia durou apenas cinco segundos. Este foi o tempo exato entre minha chegada ao balcão da Iniciativa - empapuçado de suor, fruto da correria e do exercício árduo de driblar uma multidão de participantes do evento - e a recepção de uma sorridente, solícita e simpática voluntária Dharma, me garantindo que eu faria o teste sem qualquer problema. Muito, muito bom...
Depois de me acalmar, pude terminar de preencher o formulário do teste. Este aqui:

Após entregar a folha para a voluntária, ela disse que eu seria o próximo. Me deu uma cadeira para sentar e me informou meu número de inscrição, devidamente anotado no verso de meu formulário:

Não deu nem três minutos e eu fui chamado para a cabine. A câmera teve que ficar de fora pois, como uma outra Dharma me anunciou, "tudo o que acontece ali dentro é extremamente sigiloso". Ok. Dito isso, entrei na cabine, onde, além desta mulher, havia outro voluntário. Eles me puseram numa cadeira e me equiparam com um headphone e um microfone de lapela. Na minha frente, uma tela e uma filmadora, que faria imagens minhas, exibidas durante meu teste em outro monitor do lado de fora. O teste iria começar.

A primeira imagem que vi na tela era um menu de testes, cada um com um nome mais enigmático do que o outro, exceto pelo que escolhi, chamado "Europa". Feita a opção, tive que dizer em voz alta algumas palavras aleatórias, e em um tom de voz elevado. Calibragem de equipamento ou puro mico? Segunda opção, claro - mas lá estava eu pra me molhar na chuva...
Então, começou uma contagem regressiva, abrindo o teste. A primeira parte do exame consiste em perguntas esquisitíssimas - algumas delas, lembrando questões típicas de testes de QI, como "Uma tartaruga está torrando sob o sol. Por que você não a ajuda?" - e minha resposta foi: "Porque eu estou aqui"; já a segunda parte da prova era o velho jogo de dizer a primeira palavra que vem à mente após a exibição de uma imagem. Pelo que me recordo, apareceram esqueletos (e eu disse "Death"), a palavra "Sorry" ("Sad") e um barco naufragando ("accident"). Para terminar, uma última questão: "O que você pensa ao ouvir falar de orgulho?". E eu: "Pode ser algo ruim às vezes".
O teste acabou, e os dois voluntários disseram que eu havia passado com louvor. Eles disseram para eu voltar a falar com a garota que me inscreveu - a loirinha da foto acima. Ela me entregou um cartão, dizendo para eu acessar o site www.dharmawantsyou.com em alguns dias e entrar com meu número de inscrição, devidamente gravado no cartão; e que é extremamente importante que eu o tenha em mãos durante o painel de "Lost" que acontece na Comic-Con neste sábado.


Até agora, minha jornada em nada se diferenciou das feitas pelos demais aspirantes a voluntários. Mas quem eu vejo imediatamente após falar com a loira, bem do meu lado? Carlton Cuse e Damon Lindelof!!!!
Confesso que a perna ficou um pouco zonza, mas isso só rolou nos primeiros segundos. Cuse estava entrando na cabine - pois é, ele também tentou entrar para a Dharma! -, mas Lindelof ficou ali, falando com os fãs. E ele é aquele mesmo sujeito simpático e bem-humorado que vemos e ouvimos em entrevistas, podcasts, videocasts... Tomei coragem, me aproximei e fui falar com ele, que me estendeu a mão, todo simpático... Mas neste momento, Cuse havia acabado de sair da cabine, e era a vez dele também fazer o teste. "Beleza, falo com ele após a provinha", pensei, já me dirigindo a Carlton Cuse.
E adivinhem só? Tal qual Lindelof, Cuse é outro cara bacana. Sorridente, tranqüilo, sem qualquer sinal de arrogância. Me apresentei, falei do blog, e perguntei se seria possível ele gravar umas palavrinhas para os fãs do Brasil. Imediatamente ele disse: "Suuure!". Gravamos um videozinho, tiramos uma foto juntos, e logo Damon Lindelof saía da cabine. Claro que pedi as mesmas coisas para ele. Claro que ele atendeu prontamente - e, em seu depoimento, pediu até desculpas por ter "matado" Paulo! E os dois ficaram ali por mais alguns minutos, entre fotos com fãs e apertos de mão...
Como são grandes e a conexão wi-fi aqui do hotel não é essas maravilhas, fico devendo os vídeos para vocês, que serão devidamente postados quando voltar ao trabalho no Rio; mas as fotos estão aí:






Saí dali daquele encontro ainda mais certo de que, quando pessoas talentosas como Lindelof e Cuse são também humildes, temos um motivo ainda mais especial para admirá-las. Quem diria: o atraso que parecia inicialmente ser um revés me proporcionou a maior surpresa que eu poderia ter aqui em San Diego. Sábio John Locke, que um dia disse que tudo acontece por um motivo...
Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro
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