(Com SPOILERS! para quem ainda não viu o terceiro episódio da quinta temporada)
“Como eles sabem falar latim, Juliet?” (Locke)
“Do mesmo jeito que eu: eles são Outros”. (Juliet)
“Por que você não atirou nele?” (Sawyer)
“Porque ele é um dos meus” (Locke)
“O quão velho é Richard?” (Locke)
“Velho”. (Juliet)
“Como saberei que você não está numa missão suicida que, quando levá-lo à bomba, você simplesmente não a detonará?” (Alpert)
“Porque estou apaixonado pela mulher que está sentada a meu lado, e eu nunca faria nada que pudesse machucá-la” (Faraday)
“Quer saber quem eu sou? Eu sou sua melhor chance em desarmar aquela bomba” (Faraday)
“Seu nome é Widmore? Charles Widmore?” (Locke)
“E você com isso?” (Jones)
“Nada. Prazer em conhecê-lo”. (Locke)
“Tudo irá acabar bem” (Faraday)
“Me diga: como sair da ilha?” (Locke)
“Você nunca vai esquecer, Des. Então, acho que iremos contigo” (Penny)
Quem diria, “Jughead” era uma bomba. E quem poderia crer que teríamos tantas revelações significativas neste terceiro episódio? “Jughead” nos deu impressionantes respostas que deixaram o imenso quebra-cabeças de cinco temporadas de existência e seis de tamanho com algumas lacunas a menos, se valendo para isso no foco das histórias de Faraday, Locke e Desmond - homens que, em suas diferenças, se tornam representativos demais para explicar uma parte de toda essa experiência que aprendemos a admirar.
Desmond é o homem que tenta insistentemente ir no caminho da vida ordinária, mas cujo destino cisma em corrigir o curso, o orientando rumo ao heroísmo. Salvar parece ser algo inerente a ele. Está no apertar de um botão, na vitória sobre si em uma volta ao mundo, e até no desafio ao já citado destino, tentando salvar um amigo de uma tragédia que invariavelmente tem que acontecer. Se há uma conspiração maior que determina e faz respeitar o papel de cada um na trama, talvez esse impulso de se arriscar em prol de algo maior justifique a aparente bênção de Desmond ser um milagre a quem as regras não se aplicam. Em seu amor por ele, Penny já entendeu que Des continua a ser o homem que, embriagado, declarou estar em um globo de vidro, e que assim será até que ele possa quebrá-lo.
Locke, por sua vez, é o contrário. É o homem cuja vida ordinária desceu a tenebrosos patamares de humilhação, mas que permaneceu na busca teimosa do propósito de ser um herói, no deixar-se levar por um monstro de fumaça num buraco adentro, no desafio de encarar ursos, cavernas, cabanas… e verdades. Aceitá-las com a felicidade de quem troca uma vida sem sentido por uma morte plena, capaz de fazer esquecer boa porção do nada que por muito tempo foi.
Já Daniel Faraday… Quem é Daniel Faraday? Mal começamos a conhecê-lo de verdade e percebemos agora que precisamos desconstruir muito do que sabíamos ou pensávamos saber sobre ele. Em nível proporcional ao crescimento de sua importância na história, temos a noção de que há outras camadas ocultas e talvez mais sombrias sob o tom sereno, o discurso manso. Em “Jughead”, Faraday surta em Theresa, vilaniza-se em Widmore, salva-se em Charlotte. E saber com que conceito sobre ele chegaremos até o ponto mais distante que já vimos dele na linha do tempo - o encontro e o espanto na Orquídea, não duvidem - é o mais novo item da coleção de mistérios dentro do mistério.
E uma vez que nada é por acaso, as histórias dos três se cruzam e, juntas ou separadas, nos deram de presente descobertas como a da presença na ilha de um jovem Charles Widmore - ou, se preferir, chamem-no de futuro sogro de Desmond, de futuro benfeitor de Faraday ou de futuro adversário de Locke. Ou, como eu prefiro, de incentivador da valentia de cada um dos três. Widmore está na vontade de Locke de sair da ilha, no plano que o destino de Desmond fez para ele de retornar ao local… e até mesmo no pacato Faraday em sua luta para livrar a amada de seu mal e, quem sabe, percorrer com o pesado fardo dos pesadelos do passado nas costas o caminho da redenção que outros já visitaram.
Mais até do que uma série de heróis, “Lost” é uma série de heroísmos. E “Jughead” foi apenas um gosto dos vários triunfos que ainda experimentaremos através de Locke, Desmond e Faraday. Três homens que já provaram que, no fundo, têm em cada ato desprendido e destemido um objetivo dos mais nobres: a verdade. E, talvez mais do que todos os outros, eles haverão de nos salvar.
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Alpert e o “projeto Locke”. Juliet. Penny. Miles. Charlie. Charles. Ainda nesta sexta-feira tem podcast Lost in Lost sobre “Jughead”. Vão perder?
Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro
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