sexta-feira, 8 de maio de 2009

“Follow The Leader” - Homens de ciência, homens de fé

(Com SPOILERS! para quem não assistiu ao 15º episódio da temporada)

“Sim, eu estava aqui há 30 anos, e eu lembro dessas pessoas. Eu lembro claramente porque eu os vi morrerem” (Richard Alpert)
“Desde quando atirar em crianças e detonar bombas de hidrogênio se tornaram coisas normais?” (Kate)
“Então, para que vamos até Jacob?” (Ben)
“Para que eu possa matá-lo” (Locke)

“Se der certo, você poderá nos salvar; se não, pelo menos nos livrará do sofrimento” (Sayid)
“E se for nossa única chance de pôr as coisas em seus devidos lugares?” (Jack)
“Agora eu tenho um objetivo” (John Locke)

Jack e Locke

Quase nada em “Lost” é por acaso, e mesmo a porção que julgamos ser geralmente conta com o benefício da dúvida até o último instante. Felizmente, os batismos dos episódios são invariavelmente certeiros; e “Follow The Leader” honrou os dois temas que seu nome defende - liderança e confiança -, novamente evidenciados através dos dois personagens-chave de cada fim de temporada: Jack e Locke.

Em 1977, lá está Jack. O médico enfim encontrou no diário de Faraday a explicação para o seu ato de acreditar na necessidade de ter voltado à ilha - ainda que sua crença seja fundamentada em uma hipótese. Não há qualquer prova de que o que Faraday escreveu vá enfim funcionar, mas ver que há uma certa lógica, esquisita porém real, em seu raciocínio basta a Jack para aceitá-la.

Locke

Trinta anos depois, Locke. A reedição melhorada de um milagre - da primeira vez, curado, da segunda, ressuscitado - que nesta sua nova versão assusta e impressiona por demonstrar uma confiança assombrosa no que faz, sem que no entanto tenha revelado qualquer argumento para justificar o que faz além das provas de que está fazendo o certo. Seus passos hesitantes de outrora foram substituídos por caminhadas decididas, cujos destinos são as únicas provas de que ele, desta vez, sabe onde chegar. Sim, Richard está certo em sua desconfiança; e sim, John Locke agora tem propósitos - mas neles, há método, objetividade e razão, termos afins à ciência mas que defendidos pelo caçador parecem ser componentes de algo místico, intocável, indecifrável.

Jack

Diante de nós, Jack e Locke se tornaram híbridos dos dois opostos que um dia os representavam como antagonistas: agora, Jack crê reforçado pela ciência, mas não necessariamente fundamentado nela, enquanto Locke, ainda que envolto na mesma aura mística que sempre o caracterizou, age como que obedecendo a uma lógica científica. Através destas complexas fórmulas, os dois conseguiram enfim confiar neles mesmos e em seus objetivos, e este foi o caminho para que, de fato, eles tomassem o exercício de liderar - para Jack, um reencontro; para Locke, uma primeira vez.

Agora, aqui estamos, também confiando: em Jack e na confirmação de sua fé na ciência de Faraday; e em Locke e na razão implícita de seus atos seguros - que, acredito, estejam fiéis à promessa feita a Sun. Dois líderes, dois homens de ciência e fé que, regidos por elas, nos conduzirão a um fim de temporada que, pela nossa crença e pelas evidências marcadas neste espetacular quinta etapa, será nada menos do que mesmerizante.

***

Sawyer, Miles, Alpert, Chang, Eloise, Faraday, Kate, Juliet, a evacuação, a bomba. Jacob. Todos escalados para o podcast de “Follow The Leader”, que chega no começo da semana que vem. Certo?

Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro

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