quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A entrevista de Damon e Carlton e um bando de reflexões…

(Com SPOILERS!)

Os amigos do ótimo Dude, We Are Lost fizeram a tradução da mais recente entrevista dos co-produtores executivos de “Lost” – e principais responsáveis pelos rumos da série – Damon Lindelof e Carlton Cuse. Ao melhor estilo da série, eles “esclareceram não esclarecendo” várias dúvidas relacionadas a próxima e derradeira temporada; e há motivos para nos sentirmos instigados, ainda mais curiosos… e, no caso de alguns – muitos? - até mesmo preocupados. Mas vamos com calma.

Primeiro, uma desconfiança pessimista. Saber que JJ Abrams não deverá participar desta temporada final – será apenas “convidado para a festa”, nas palavras de Lindelof – não faz muito sentido. Simplesmente não curto. Mas para sustentar algum otimismo, quem sabe esse papo de “convite para a festa” não é uma metáfora disfarçada de despiste?

A presença de JJ, penso, também teria tudo a ver com a ideia de ciclo – ou seja, essa história de que a sexta temporada terá fortes semelhanças com a primeira, a “circularidade” citada por Cuse. E é aí que a gente meio que confirma o que eles querem dizer com inovação na forma de contar a história que não é um flashback nem flashforward: diante de todos os spoilers divulgados até aqui, tá na cara que eles estão mesmo se referindo a dois presentes – um em uma realidade em que a história não foi alterada, e outra alterada, em que o voo 815 chegou em segurança a Los Angeles. Como essas duas histórias se encontram lá na frente é que é o desafio.

Falando em desafio, aproveito para citar a tal preocupação. Sim, concordo totalmente com Damon Lindelof e Carlton Cuse ao dizerem que o mais importante em “Lost” é a trajetória dos personagens – afinal, sempre disse por aqui que “Lost” é essencialmente uma série sobre pessoas; mas daí a comparar os elementos da mitologia da série aos terroristas que cruzam os caminhos de Jack Bauer é, num primeiro nível, diminuir a força do que criaram – e digo isso não em demérito a “24 Horas”; e em um estágio mais angustiante, pode dar força a um grande medo de parte dos fãs: será que, de fato, eles deixarão para trás alguns importantes mistérios sem resposta?

Por mais esquisita que essa possibilidade nos bata, como homem de fé que sou, sigo confiante na ciência da dupla: desde que eles começaram a empilhar em nossas mentes tantos enigmas e questionamentos – fortes responsáveis por “Lost” ter nos conquistado -, sabem que teriam que se responsabilizar por eles. E se responsabilizar significa dar respostas. Há espaço para o mistério? JJ Abrams e seu sensacional argumento da caixa de mágicas presenteada por seu avô que o digam; mas os fãs aguardam também ansiosamente por soluções. E eles não são loucos de negá-las, por mais que Lindelof afirme que, para eles, o que importa é saber o que aconteceu com aquelas pessoas. Aliás, minto: é quando ele diz isso que devemos ter em mente que, assim como a quinta temporada nos mostrou, as respostas para os mistérios estão contidas nas respostas sobre as pessoas, da mesma forma que fé e razão, presentes desde sempre no embate Locke x Jack, cruzam caminhos.

“E quanto ao lance de eles dizerem que os fãs podem ‘reagir’ a curto prazo ao fim da série?”. Fácil: Lindelof e Cuse têm plena ciência de que, seja qual o caminho que escolham para os personagens e respostas sobre os mistérios, nunca poderão agradar a todos. Nem nunca poderiam. Qualquer declaração diferente disso seria não só utópica como pernóstica, pretensiosa. É o medo que vem no frio da barriga de quem entrega uma obra ao mundo. Simples.

***

O maior problema da espera é a expectativa; quando a espera está relacionada ao fim de uma jornada, então, essa expectativa é elevada ao cubo. O segredo é tentar deixar essa expectativa nas mãos de quem, de fato, precisa se ocupar dela – e, nomes aos bois, estes são Damon Lindelof e Carlton Cuse. Se você chegou até aqui neste texto, é porque sabe que, até agora eles têm sido mais do que eficientes em dar conta de tudo. E, junto com essa responsa, eles merecem de bônus todo o nosso crédito. É deixar isso sempre em perspectiva e seguir. Jacob há de nos recompensar.

Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro

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