“Eu te conheço de algum lugar?” (Jack, para Desmond)
“Desculpe você ter de me ver daquele jeito” (Man in Black para Ben)
“Eles não perderam seu pai: só perderam o corpo” (Locke, pra Jack)
“Nada é irreversível” (Jack Shephard)
“Ela quis dizer que funcionou” (Miles para Sawyer)
“Ele era fraco, patético e irreversivelmente quebrado, mas apesar de tudo isso havia algo de admirável nele: ele era o único deles que não queria ir embora” (Man in Black)
Quando “Lost” estreou, pouco se passou até descobrirmos que seu nome ia além de uma referência a um voo que perdeu o rumo, mas também ao momento de cada uma daquelas pessoas. E a cada desgraça pessoal que a série nos apresentava em históricos particulares, reforçava também que a presença daqueles passageiros na ilha não era apenas um mero acidente, mas também a clara chance de recomeços de vida – ainda que esses reinícios fossem imposições dos fatos.
Muito tempo e diversos acontecimentos depois, chegamos ao fim da quinta temporada, em que vimos Jack, Kate e cia. apostando num plano de retomada do passado, considerando o sucesso desse plano como (mais) uma nova chance – ou melhor, falsa nova chance. Um pseudoreset, uma segunda não-chance, materializada naquelas vidas melancólicas e seus excessos de bagagem, desembarcando juntos em Los Angeles. “E se?”: não consigo pensar em expressão melhor para definir esse momento da história.
Na reta final de nossa trama, os roteiristas de “Lost” escolheram mais um caminho difícil – e que bom que é assim, já que a série não foi feita e nem pode ser totalmente aproveitada por quem quer o simples. Tudo bem, corrigindo: dois caminhos difíceis, porém extremamente sedutores. Um deles nos dá o gosto de revermos velhos e saudosos conhecidos, e que de forma poética juntos formam para nós um imenso flashback coletivo, a não ser pelos demais envolvidos nessa violenta e suposta transformação da história – Juliet, Ben, Desmond. E, totalmente proposital, trata-se de uma rota sobre a qual não estamos sozinhos ao duvidar dela: basta reparar mais nas eloquentes expressões de incredulidade de Jack Shephard a bordo da aeronave para ver que ele nos faz companhia. Mas aí vem Juliet dizer a Sawyer que “funcionou”, e aí…
E aí pulamos para o outro rumo – o do determinismo, da desilusão de que o plano naufragou, mas ao mesmo tempo da garantia de um presente talhado para abrigar grandes acontecimentos, relacionados a um desequilíbrio estabelecido pela morte de Jacob. Um desnível que provavelmente nos apresentará a guerra já mencionada anteriormente e seus respectivos comandantes, marcada por descobertas capazes de trazer as respostas que aguardamos por tanto tempo.
Mais do que o marco de uma ousada inovação na narrativa da série (com a adoção dos já apelidados “flash-ifs” e suas ricas possibilidades), “LA X” também vai além de iniciar o desafio de nossa percepção sobre o que de fato aconteceu no Incidente: a estreia desta sexta temporada é o tiro de largada de um novo duelo entre vontade e destino. Porém, não é mais uma luta, mas uma corrida. Um desafio que deve acabar convergindo para uma raia apenas, os conduzindo a uma reconciliação que hoje é improvável e que, em se tratando de um reinício, não tenho a menor pressa em que se resolva antes de tudo o que estamos destinados a experimentar, no muito que “LA X” brilhantemente nos insinuou: afinal, quem duvida de que estamos destinados a uma incrível viagem de volta?
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Excepcionalmente, nesta sexta-feira sai o podcast. Começou!
Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro
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