“Quais são as chances de se encontrar um cirurgião de espinha? Talvez seja o destino” (Helen)
“As pessoas raramente têm uma segunda chance” (Man in Black)
“Pensei que estivesse morto” (Sawyer)
“Estou” (Man in Black)
“E se eu te dissesse que posso responder a questão mais importante do mundo?” (Man in Black)
“O que estou é preso” (Man in Black)
“Milagres existem, John” (Helen)
John Locke, James Ford, o Homem de Preto e uma verdade: não é possível ser feliz sem estar livre. Esta foi uma realidade que permeou “The Substitute”. O quarto episódio da sexta temporada nos apresentou uma suposta saída para o desgraçado momento de James Ford e um flash-sideway de John Locke para muitos improvável: em sua realidade paralela, mesmo preso a uma cadeira de rodas, é um homem a caminho de uma vida feliz. Não plena, mas feliz.
Repassando brevemente, falamos de alguém que está prestes a casar com a mulher de sua vida e que enfim conseguiu se ver livre de um emprego que o enterrava, substituindo-o por uma segunda chance, em que enfim poderia fazer a diferença na vida de pessoas. Afinal, John Locke sempre se apresentou para nós como um homem não apenas ávido por liberdade, mas pelo desejo de ser importante – e não no sentido de possuir status, mas sim de ajudar, guiar, instruir… liderar. Se lembrarmos das maiores relações de conexão com pessoas na ilha – Walt e Boone -, temos John como uma espécie de tutor de ambos. Curioso que ele tenha conseguido tornar-se professor numa realidade alternativa.
Some-se a isso Helen, e toda a importância que ela representa em sua vida. A força da relação dos dois é mostrada de uma forma muito sutil, num gesto que pode passar facilmente despercebido mas possui uma carga fortíssima: no momento em que ela rasga o cartão de Jack Shephard, símbolo de chance de libertação do maior fardo de Locke, dizendo a ele que o que eles têm é o maior dos milagres. Como não acreditar que, enfim, Locke poderia ser feliz nessa outra versão de sua vida?
“The Substitute” é de fato um episódio sobre libertação, e em diversos aspectos. Fora da ilha, é a cirurgia salvadora, a nova chance na vida, o amor se sobrepondo a um grande mal; nela, é o desejo de regressar literalmente ao lugar em que acredita se pertencer, e a necessidade de conhecer a verdade para que ela te deixe livre. Bíblico, não?
Pois então. Ainda que sutis em muitos momentos, referências a doutrinas e religiões seguem cada vez mais presentes na trama. O Homem de Preto oferece a Sawyer o conhecimento caso ele o acompanhe, como numa nova tentação do Éden; Jacob e seu inimigo recrutam substitutos, como apóstolos de lados opostos… e, além disso, ainda temos a verdade (ou parte dela) a surgir de dentro de uma caverna.
Não apenas por seus simbolismos, “The Substitute” é um ótimo episódio, centrado em dois homens e suas relações com a verdade e a liberdade. Numa realidade paralela, John Locke parece ter preterido a dúvida de uma cura à certeza de seu milagre particular; e na ilha, James “Sawyer” Ford quer se livrar das frustrações de sua última vida – e do personagem mais verdadeiro que já encarnou, o de si próprio – sem sentir que, ao caminhar contra a vontade de Jacob, segue a favor de seu inimigo – ansioso por uma liberdade que ainda não sabemos qual. Livre arbítrio manipulado, destino escolhido: “Lost” vos abraça.
***
Os candidatos, a caverna, e a vida paralela de John Locke. O podcast Lost in Lost vem aí!
Fonte: Lost In Lost - Por Carlos Alexandre Monteiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário